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Há 35 anos, Guarani comemorava a conquista do Campeonato Brasileiro

 

13 de agosto de 1978, um dia para ficar na memória de qualquer torcedor bugrino. Foi nesse dia que, com um gol do garoto Careca, o Guarani Futebol Clube vencia seu primeiro Campeonato Brasileiro. Foi o primeiro e único time de interior a vencer a competição.

A caminhada do Bugre ao título não foi nada fácil: 32 jogos passando por 74 equipes divididas em grupos com 12 e 13 times, em uma competição com regras para lá de incomuns. Naquele ano, aquele que vencia com três ou mais gols de diferença ganhava o habitual três pontos. Quem vencesse com menos gols, ganhava apenas dois. Entretanto, as regras não foram páreas para o time campineiro.

Neneca, Mauro, Gomes, Édson, Miranda, Zé Carlos, Manguinha, Renato, Capitão, Careca e Bozó, esse foi o time, a comandos de Carlos Alberto Silva, que entrou em campo para enfrentar o forte Palmeiras, mas nós não vamos começar contando a melhor parte da história.

 

Tudo começou em 26 de março daquele ano, o palco foi o histórico estádio Brinco de Ouro da Princesa. O time era maroto com um jovem treinador de primeira viagem. Jogadores experientes eram poucos. O Guarani recebeu o Vasco do saudoso Roberto Dinamite e, como esperado, os donos da casa perderam com três gols de Dinamite, com Miranda descontando para o alviverde campineiro.

A derrota na primeira rodada pareceu não abalar o Bugre. Para a segunda rodada o time enfrentou o Bahia, em Campinas e o pouco mais de 7.000 torcedores presentes no estádio viram a equipe vencer o tricolor baiano de virada, com gols de Zenon e Macedo.

 

 

 

A partir daí o retrospecto da equipe bugrina foi melhorando, torcida e jogadores ganhavam cada vez mais confiança e a ponte de esperança e do "a gente consegue" ia batendo. Chegado o dérbi campineiro, mais um êxito: 2 a 1, em casa, com dois gols do garoto Careca. E como todo dérbi é um campeonato à parte para os torcedores campineiros, logo aquele time formado por jogadores jovens, desconhecidos e inexperientes, foi caindo nas graças da torcida.

Ao final da primeira fase o Guarani havia conquistado 16 pontos em 11 jogos. Foram cinco vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas, mas algo ainda o assombrava: o retrospecto fora de casa não era positivo.

 

O início da segunda fase foi turbulento para a equipe bugrina, porém, logo na primeira rodada o Guarani arrancou um empate em casa em cima do São Paulo, atual campeão brasileiro na época, com um gol de pênalti de Zenon. Feito este que animou ainda mais o torcedor. Animou até a terceira rodada quando o time sofreu uma incrível goleada de 5 a 1 diante do Remo.

Participante do Grupo J, a equipe disputava uma das seis vagas para passar a fase final, juntamente com Vasco, São Paulo, Portuguesa, Caxias-RS, Coritiba, Remo, Villa Nova e Brasília e, mesmo com tanta turbulência, o Bugre conseguiu a classificação terminando na quarta colocação com 11 pontos em oito jogos.

FASE FINAL E A ARRANCADA DO BUGRE

 

Logo na primeira rodada da primeira fase final - que era dividida em fase de grupos e mata-mata, - o Guarani enfrentou um dos que poderiam ser o seu maior desafio: o poderoso Internacional de Falcão, Batista, Valdomiro, duas vezes campeão brasileiro, mas, naquele 2 de julho, as coisas não foram como todos esperavam ser: a equipe campineira surpreendeu e bateu por 3 a 0 o time gaúcho, em pleno Beira-Rio. Essa foi a arrancada do Bugre para o feito histórico.

Dali pra frente foram um empate e vitória, vitória e mais vitória. Ao final da primera fase da fase final, o Guarani havia passado por cima de Inter, Botafogo-SP, Santos, Goiás, Botafogo-PB, Londrina e Goytacaz. Foram sete jogos, seis vitórias e um empate, classificando a equipe em primeiro lugar no grupo.

UM GUARANI INCOMODA MUITA GENTE

 

Quartas de final e o Guarani se encontra com o Sport Recife. No primeiro jogo, em Recife, êxito: 2 a 0, com gols de Zenon, que naquela altura do campeonato já se tornara artilheiro da equipe e Capitão. Para a volta no Brinco de Ouro, diante de mais de 20 mil espectadores, os novatos desacreditados do time campineiro, Miranda, Capitão e Renato comandaram a partida, mandando embora o Leão da Ilha com uma goleada de 4 a 0. O retrospecto diante do Sport fez com que o Bugre entrasse em campo para a semifinal muito mais confiante.

Dois de agosto de 78, o Guarani recebe em casa um desfalcado Vasco da Gama. 30 mil pessoas viram Orlando abrir o placar, mas não para a equipe cruz-maltina, o zagueiro marcou contra o próprio gol aos 47 do primeiro tempo, Na segunda etapa, Renato amplia, fazendo torcida e equipe bugrina respirarem mais aliviadas para a próxima partida.

Mesmo sendo no Maracanã, com 101 mil torcedores, o time alviverde não se intimidou. O Vasco com time completo. Sete minutos do primeiro tempo, Careca ajeita para Zenon que, vindo de trás, soltou a bomba no ângulo direito de Mazzaropi, deixando todos os presentes boquiabertos com a obra de arte do camisa 10 do Bugre. Em entrevista para a Globo em 2008, Zenon disse o quanto foi impressionante marcar um gol no templo do futebol mundial. No segundo tempo, o mesmo camisa 10 cobrou falta com categoria, ampliando a vantagem bugrina. Dirceu ainda descontou para a equipe da Colina, mas nada que impedira o clube de Campinas a chegar à final do campeonato surpreendendo a todos.

 

"Eu não sabia para onde ia... fui pro lado do tobogã e foi a festa", revelou o autor do gol do título.

O Guarani fez história em 78. Foram 25 jogadores, novos e inexperientes comandados por um técnico desconhecido, que conquistaram o Brasil, surpreenderam a mídia e as outras equipes, mas que ficaram na memória de todo bom torcedor bugrino.

 

 

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