Em 1999, Mateus Meira e o massacre que chocou o Brasil
Era só o que faltava. Na quele ano,o Brasil se horrorizou com a chegada por aqui de um tipo de crime até então inédito no país e que já se tornou uma das grandes preocupações da polícia dos Estados Unidos: o assassinato em massa. O estudante de medicina Mateus da Costa Meira, de 24 anos, invadiu uma sala de cinema do Morumbi Shopping, em São Paulo, e disparou a esmo contra a platéia. Três pessoas morreram e cinco ficaram feridas. A perplexidade e a sensação de insegurança geradas pelo crime abriram uma discussão sobre os motivos que levaram Meira a cometê-lo. Não faltaram críticas aos filmes com cenas violentas e à falta de segurança nos shoppings.Na Santa Casa de Misericórdia, onde estudava, não tinha sequer um amigo e tampouco namorada. Vivia sozinho e jamais recebia visitas. Sua única companhia eram as “misteriosas vozes” que o perseguiam e amedrontavam. Sofria de delírios, alucinações e crises de agressividade e havia interrompido um tratamento psiquiátrico. Para piorar, passara a consumir cocaína dois meses antes do crime.
O que aconteceu depois
Em julho de 2004, quase cinco anos depois do crime, o ex-estudante Mateus da Costa Meira foi condenado em São Paulo a 120 anos e seis meses de prisão. Em 2007, porém, os magistrados do Tribunal de Justiça do estado decidiram reduzir a pena do atirador a 48 anos e nove meses. De qualquer forma, ele ficará no máximo 30 anos atrás das grades, como reza a lei brasileira. Durante todo o julgamento, a defesa tentou sustentar que ele sofre de desvios mentais, na tentativa de obter uma redução de até dois terços da pena. “Ele invadiu uma sala de cinema de forma covarde. Ele planejou o crime e matou pessoas de bem. Foi um crime em grande estilo”, disse a juíza Maria Cecília, logo depois de ler a sentença.
Mateus ficou preso no Centro de Observação Criminológica (COC) do Complexo do Carandiru, em São Paulo, de 2000 até a desativação do presídio, em 2002, quando foi transferido para a Penitenciária 2 de Tremembé, no interior de São Paulo. Em fevereiro de 2009, foi transferido para a Penitenciária Lemos Brito, em Salvador (BA), onde está até hoje. Em maio daquele ano, Mateus tentou assassinar seu colega de cela com uma tesoura.
Na época dos assassinatos no shopping, o caso causou muita polêmica sobre a influência de filmes e jogos violentos sobre os jovens. O game Duke Nukem chegou a ser proibido – um dos preferidos de Mateus, o jogo tinha cenário e ações semelhantes aos do assassinato. Com a redução da pena do atirador, bastam 8 anos e 45 dias na prisão (um sexto do total da pena) para que o criminoso possa pedir transferência para o regime semi-aberto. Como foi preso em flagrante em novembro de 1999, o atirador atingiu o tempo mínimo em janeiro de 2008 – segue na cadeia até hoje, porém.